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Estratificação social e seus critérios



27/01/2012




Tem caído as desigualdades sociais, por renda, no Brasil e isso tem deixado o mercado mais confiante, vislumbrando um cenário otimista, apoiado no desenvolvimento da classe média, que já passa de 60% no país, segundo dados divulgados nesta semana pela Data Folha. Para muitos analistas de mercado, no cenário sócio econômico brasileiro esta estratificação social se manterá em alta.

São mais de 90 milhões de brasileiros que se encontram na classe média, ou seja, no mínimo de cada 10 pessoas, seis estão na posição intermediária na pirâmide social. Vale lembrar, entretanto, que uma das metodologias de cálculos mais aplicadas no país, é da ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, que utiliza um instrumento o CCEB- Critério de Classificação Econômica Brasil, para o levantamento de perfis na estratificação social. Por exemplo, pergunta-se ao entrevistado quantos aparelhos de televisão em cores possui em casa, ganhando um ponto positivo a cada item do produto.

Na pesquisa com a metodologia da ABEP, em pouco se refina o questionamento. Por exemplo, questiona-se se uma máquina de levar é automática, mas em nada se importa se a TV em Cores que o entrevistado possui é de tecnologia avançada. Razão pela qual um aparelho de televisão LED 40 polegadas, com Internet vídeo, Motion Flow 240Hz, sensor de presença, track ID, Web Browser e Skype, tem a mesma pontuação de que um aparelho de 14 polegadas, que nem mesmo é tela plana ou tem controle remoto. Vejo isso como questionável.

O mesmo critério é muito utilizado para rádio, cada item um ponto, independente que tipo de aparelho a pessoa possui. O banheiro é um dos itens que mais conta ponto. Se tem um, já vale 4 pontos. Para se ter uma ideia ter um carro ou uma geladeira, de quaisquer marcas e preços, vale a mesma pontuação. Aliás, as mais altas da pesquisa no que se refere a estes bens, no computo unitários. Vejo isso também como questionável.

Numa pesquisa para definir a estratificação social, entretanto, o que mais conta ponto é a instrução do chefe da família. Se numa casa, por exemplo, tem uma esposa médica, dois filhos engenheiros, e o pai tiver completado apenas a quarta série fundamental, a pontuação é 1. Imagine só, pode ter fazenda, indústria, comércio, mas nada é computado. Por outro lado, se o pai tiver curso superior completo, independente da área da graduação, computa-se 8 pontos na pesquisa, a mais alta pontuação dos critérios da ABEP.

Para uma pessoa ser classe A1, tem que alcançar, conforme critérios da pesquisa da ABEP, de 42 a 46 pontos. Para ser da classe C1, de 18 a 22. Ou seja, basta o chefe da família, neste caso, ter curso superior, casa com um banheiro, uma geladeira, um rádio e uma TV em cores. Todos estes bens podem ser muito simples, os pontos não se alteram.

O conhecimento sempre foi um fator de grande relevância para se ascender na pirâmide social. Pelo visto, tal critério, ninguém questiona numa pesquisa.

• Pedro Nadaf é secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia e presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/ Senac-MT




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